DINÂMICAS DA FUNÇÃO MATERNA E DO MERCADO: OUTRAS MATERNIDADES SÃO POSSÍVEIS?

Autores

  • Maria Aline Sabino Nascimento Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional - UFRJ (PPGAS/MN/UFRJ)

Resumo

Este ensaio propõe uma reflexão acerca das tramas de afeto e cuidado instituídas a partir de uma maternidade assentada em um mito de pureza, sacralização, abnegação, sacrifício e amor incondicional das mães em relação aos seus filhos. Lançando mão de estudos que abordam esse assunto sob uma perspectiva feminista, antropológica, psicológica e do direito, minha intenção é discutir como essas tramas possuem dinâmicas que desnutrem mulheres, e em certa medida até mesmo homens, e nutrem todo um sistema econômico. Para tanto, busquei compreender como tais dinâmicas apresentam-se na multiplicidade existente nas esferas do público e do doméstico, bem como quais as tensões geradas entre mercado, trabalho e afeto na esteira do cuidado. Não trato, no entanto, a maternidade como algo homogêneo, tampouco a domesticidade, no que tange aos sentidos políticos e afetuosos atribuídos à casa. Preocupei-me neste texto em compreender essas dinâmicas sob a perspectiva do cruzamento que há entre gênero, raça e classe, a fim de uma reflexão que considere as diferenças na construção desses corpos, afetos e tensões gerados a partir do estabelecimento do mito da maternidade e como esta encontra-se implicada na temática do cuidado. O trabalho do serviço e cuidado associado às mulheres, também nos fala, entre muitas coisas, sobre nossa própria relação com a natureza apartada do status de humanidade. Tal afirmação nos lança a debates sobre a concepção das categorias de cuidado, maternidade, gênero e noção de pessoa em outras sociedades. Portanto, questiona-se neste trabalho a maternidade em seus moldes ocidentais e se busca compreender se outras maternidades são possíveis.

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Publicado

27-12-2022

Como Citar

Sabino Nascimento, M. A. (2022). DINÂMICAS DA FUNÇÃO MATERNA E DO MERCADO: OUTRAS MATERNIDADES SÃO POSSÍVEIS?. Revista Homem, Espaço E Tempo, 15(2), 42–62. Recuperado de //rhet.uvanet.br/index.php/rhet/article/view/511