REFLEXÕES SOBRE UMA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM LETRAMENTO RACIAL NA ESCOLA DO CAMPO JOSÉ FIDELIS DE MOURA, EM SANTANA DO ACARAÚ - CEARÁ
Résumé
O artigo em questão analisa a experiência pedagógica de Letramento Racial Campesino desenvolvida na Escola de Ensino Médio Profissional do Campo José Fidelis de Moura, localizada no assentamento Bonfim Conceição, em Santana do Acaraú, no Ceará. A proposta busca promover uma educação voltada à valorização das relações étnico-raciais e à identidade negra nas comunidades do campo, historicamente marcadas por desigualdades e invisibilizações. A pesquisa-ação, realizada no âmbito de um mestrado, utilizou observações, entrevistas e questionários, ancorando-se no materialismo histórico-dialético para compreender as contradições de classe e raça no ambiente de ensino. A escola, fruto das lutas camponesas e vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), adota práticas que reforçam a cultura negra, como o uso de obras de autores afro-brasileiros, representações artísticas e debates permanentes sobre o racismo estrutural. O Letramento Racial Campesino, adaptado da teoria crítica da raça, foi sistematizado em sete tópicos formativos que abordam temas como branquitude, origem negra do campesinato e linguagem racista. As formações envolveram toda a comunidade escolar, contribuindo para o reconhecimento da ancestralidade afro-campesina e para a construção de uma consciência crítica sobre o racismo. O estudo conclui que o letramento racial é uma ferramenta fundamental para a transformação social e educacional, ao promover práticas antirracistas e libertadoras. A experiência da Escola José Fidelis evidencia que a educação do campo pode ser um espaço de resistência, reeducação e emancipação, fortalecendo o compromisso com uma sociedade mais justa, plural e equitativa, em que a diversidade é reconhecida como valor essencial. Palavras-chave: Campo. Relações étnico-raciais. LetramentoTéléchargements
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