METROPOLIZAÇÃO DO PRAZER E ÓCIO LITORÂNEO: O LITORAL DE ARACATI-CE E AS FACES ANTAGÔNICAS DO LAZER MARÍTIMO
Abstract
O litoral nordestino apresenta uma configuração totalmente oposta a sua gênese de ocupação, que era destinada apenas às práticas comerciais, como os portos, alguns armazéns de carnes e as práticas de comunidades tradicionais pesqueiras e/ou marisqueiras. É a partir destas reflexões que este artigo tem como objetivo geral analisar os processos de maritimidade e urbanização do município de Aracati e suas outras formas de turismo com enfoque no turismo de base comunitária e como objetivos específicos 1) investigar as modificações na paisagem litorânea de Aracati a partir da metropolização de sua faixa de praia e, por último, 2) compreender como funcionam os grupos de turismo comunitário de Aracati, com enfoque no Quilombo do Cumbe. Dessa forma, procuramos valorizar o processo histórico de ocupação do litoral leste, onde está o lócus de pesquisa, a cidade de Aracati-CE, vislumbrando as modificações de sua paisagem a partir dos processos de maritimidade e metropolização e apontando as práticas turísticas comunitárias do Quilombo do Cumbe como uma forma de resistência frente aos avanços destruidores do capital imobiliário e da indústria de energia eólica. Como resultados parciais obtivemos um tracejado da linha histórica da urbanização das zonas de praia de Aracati e um desenvolvimento do entendimento da lógica do turismo comunitário além das suas percepções com o meio natural, bem como do fortalecimento da ancestralidade que suas ações turísticas perpetuam e visam trazer para os visitantes. Por fim, ao articular a lógica de expansão da metropolização litorânea ao planejamento turístico, trouxemos reflexões para apreender a construção socioespacial desse espaço de lazer, atrelado hoje ao cenário internacional.Downloads
References
BARBOSA, M. E. S. Os agentes modeladores da cidade de Aracati-CE no período colonial. Geotextos, Vitória da Conquista-BA, v. 7, n. 2, p. 13-43, 2011.
BRASILEIRO, M. D. S. Desenvolvimento e turismo: para além do paradigma econômico. In: BRASILEIRO, M. D. S. MEDINA, J. C. C. CORIOLANO, L. N. (orgs.). Turismo, cultura e desenvolvimento. Campina Grande-PB: EDUEPB, 2012. 240 p.
DANTAS, E. W. C. Maritimidade nos trópicos. 2ª ed. Fortaleza-CE: Edições UFC, 2010.
DIEGUES, A. C. Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. São Paulo-SP: Editora Ática (Ensaios 94), 1983. 287 p.
FIOCRUZ. A resistência do Quilombo do Cumbe frente a apropriação territorial. 2023. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/noticia/resistencia-do-quilombo-do-cumbe-frente-apropriacao-territorial> Acesso em: 22 jan. 2024.
FIOCRUZ. Carcinicultura e energia eólica comprometem e colocam em risco a sobrevivência da comunidade quilombola do Cumbe, Ceará. 2021. Disponível em: <https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/carcinicultura-e-energia-eolica-comprometem-e-colocam-em-risco-a-sobrevivencia-da-comunidade-quilombola-do-cumbe-ceara/>. Acesso em: 23 jan. 2024.
FONSECA, Maria Aparecida Pontes; COSTA, Wagner Fernandes; FAGERLANDE, Sergio Moraes Rego; TODESCO, Carolina. URBANISATION AND UNEVEN DEVELOPMENT OF TOURISM ON THE BRAZILIAN COAST. Mercator, [S.L.], v. 21, n. 1, p. 1-17, 15 jun. 2022. Federal University of Ceara. Disponível em: <http://dx.doi.ohttps://www.bioicos.org.br/post/populacoes-tradicionais-pescadores-artesanaisrg/10.4215/rm2022.e21013.>
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Regiões de Influência das Cidades – REGIC 2018. Rio de Janeiro-RJ: IBGE, 2020.
IBGE. População de Aracati Panorama. 2023. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/aracati/panorama. Acesso em: 20 jan. 2024.
IPHAN. Aracati CE. 2014. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/248. Acesso em: 20 jan. 2024.
LENCIONE, Sandra. METROPOLIZAÇÃO. Geographia: Conceitos fund, São Paulo, v. 22, n.48,p.173-178, 2020. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/43103.> Acesso em: 10 jan. 2024.
LIMONAD, E. Desafios ao desenvolvimento local e regional. In: BARBOSA, J. L. LIMONAD. E. (orgs.). Ordenamento territorial e ambiental. Rio de Janeiro-RJ: Letra Capital, 2016. 312 p.
MACEDO, R. F. MEDEIROS, V. C. F. A. AZEVEDO, F. F. ALVES, M. L. B. Ecoturismo de base comunitária: uma realidade ou uma utopia. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, El Sauzal-Espanha, v. 9. n. 2, p. 437-448, 2011.
NORDESTE, Diário do. Das casas de palha aos arranha-céus: como a orla de Fortaleza mudou nos últimos 100 anos. 2023. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/das-casas-de-palha-aos-arranha-ceus-como-a-orla-de-fortaleza-mudou-nos-ultimos-100-anos-1.3324422. Acesso em: 05 dez. 2023.
OLIVEIRA, A. A. N. DIÓGENES, C. M. ALMEIDA, D. M. F. Lazer e protagonismo social: uma experiência de turismo comunitário no nordeste brasileiro. Cadernos de Geografia, Belo Horizonte-MG, v. 43, p. 67-80, 2021.
PAIVA, I. T. P. LIMA, E. C. Conflitos ambientais, energia eólica e justiça ambiental: contribuições para uma análise crítica. Revista GeoUECE, v. 08, n. 14, p. 294-315, 2019.
PEREIRA, A. Q. ARREORTUA, L. A. S. SILVA, N. J. P. Configuración territorial y complejos turísticos en el noreste de Brasil. Ciudad y Territorio Estudios Territoriales. Madrid, v. 53, p. 481-502, 2021.
PEREIRA, A. Q. DANTAS, E. W. C. (Org.). Espacialidades turísticas: do regional ao global. Rio de Janeiro-RJ: Letra Capital, 2021. 292 p.
PEREIRA, A. Q. BRANDÃO, P. B. LAURENT, F. Les conflits socio-environnementaux dans les espaces touristiques littoraux des États de Bahia et du Ceará au Brésil. CYBERGEO (PARIS), p. 1-23, 2021.
PEREIRO, X. FERNANDES, F. Antropologia e Turismo: teorias, métodos e práxis. Tenerife: PASOS, 2018. 496 p.
QUEIROZ, Emanuelton Antony Noberto de. A DINÂMICA DOS CIRCUITOS DA ECONOMIA URBANA NO COMÉRCIO DE CONFECÇÃO DE MARACANAÚ-CE. 2023. 272 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Geografia, Geografia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023. Cap. 1.
RODRIGUES, L. Et al. Populações tradicionais: pescadores artesanais. Instituto de Biologia Marinha Bióicos. Ubatuba, 2023. Disponível em: <https://www.bioicos.org.br/post/populacoes-tradicionais-pescadores-artesanais> Acesso em janeiro de 2024.
RODRIGUES, F. N. DANTAS, E. W. C. TRANSMUTAÇÕES NO ESPAÇO NORDESTINO: ocupação, valorização e metropolização turística no litoral cearense. InterEspaço: Revista de Geografia e Interdisciplinaridade, Grajaú-MA, v. 4, n. 15, p. 170-196, set./dez. 2018.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado. 6. ed. São Paulo: Ed Usp, 2021. 132p.
SILVA, D. R. F. Ventos de discórdia: território, energia eólica e conflitos socioambientais na zona costeira do Ceará. Dissertação (Mestrado em Geografia), Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, 2014. 246 p.
SPOSITO, M. E. B. Metropolização do espaço: cidades médias, lógicas econômicas e consumo. In: FERREIRA, A. RUA, J. MATTOS, R. C. (orgs.). Desafios da metropolização do espaço. Rio de Janeiro-RJ: Consequência, 2015. 622 p.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantêm os direitos autorais e concedem à RHET o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.:em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja o Efeito do Acesso Livre). Autores são responsáveis pelo conteúdo constante no manuscrito publicado na revista. Autores são responsáveis por submeter os artigos acompanhados de declaração assinada de um revisor da língua portuguesa, declaração assinada do tradutor da língua inglesa e declaração assinada do tradutor da língua espanhola ou francesa.