ONDE A LUTA ACONTECE: LEVANTAMENTO DE QUILOMBOS, CAPOEIRAS E TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA NA AMAZÔNIA TOCANTINENSE
Resumo
O presente artigo resulta de pesquisas desenvolvidas no Curso de Formação para Docência e Gestão em Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola, promovido pela CAPES/UFT. O objetivo central consiste em mapear os movimentos e organizações sociais negras atuantes no estado do Tocantins. O conceito de Amazônia Tocantina é adotado como recorte territorial para a análise das particularidades culturais e das lutas locais. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de natureza documental, com abordagem quali-quantitativa, centrada na localização, identificação e análise de movimentos e organizações sociais negras no Tocantins. O levantamento priorizou comunidades quilombolas certificadas, grupos e mestres de capoeira, bem como terreiros de matriz africana. O corpus documental foi constituído por fontes oficiais — em âmbito estadual e federal — e por fontes bibliográficas e acadêmicas. Foram empregadas ferramentas de Inteligência Artificial (IA) em etapas auxiliares do processo de pesquisa, especialmente na triagem e organização inicial dos dados, preservando-se, contudo, a autoria e a análise crítica do pesquisador na interpretação final dos resultados. Os resultados indicam que, estatisticamente, três em cada quatro habitantes do Tocantins se autodeclaram pertencentes ao grupo negro. O estado conta com 42 territórios de comunidades remanescentes de quilombos e apresenta expressiva efervescência religiosa na capital, Palmas, onde foram identificadas 24 casas e terreiros que ainda enfrentam desafios relacionados ao reconhecimento institucional e à intolerância religiosa. A capoeira encontra-se organizada em federações e projetos de extensão, reafirmando seu papel como manifestação cultural e prática social de resistência e identidade.Downloads
Referências
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